A combinação entre tecnologias de virtualização e streaming cada vez mais significará que capacidades semelhantes poderão ser entregues aos usuários de inúmeras formas. O desenvolvimento de tecnologias em múltiplas áreas gerou uma ampla e confusa gama de opções de fornecimento de capacidades de client-computing para clientes. Optar por um tipo de arquitetura está se tornando uma tarefa complicada. A padronização dos processos de gerência e da infraestrutura continuará sendo a base da eficácia operativa, porém os processos de gerência serão mais tolerantes em relação à diversidade de dispositivos e arquiteturas. A compatibilidade com o gerenciamento e a infraestrutura de segurança é o fator decisivo para determinar quando se devem adotar e implementar tipos de arquiteturas de client-computing emergentes. A menos que sua empresa tenha uma estratégia adequada para conviver com essas alternativas, decisões sobre quando e como é apropriado investir em funções de TI que influenciam diretamente a produtividade dos funcionários serão tomadas isoladamente, ou pior, favorecerão apenas seus fornecedores. Recomendações Verifique se de fato compreende todos os objetivos (internos e externos) do negócio, além de suas exigências funcionais, antes de planejar como equipará os usuários com capacidades de client-computing. Entenda sua meta e suas condições e só depois disso decida qual o melhor caminho a seguir. Sempre trace ao menos dois passos futuros da sua estratégia: somente considerando mais de um processo é possível estar certo de que a primeira etapa será realizada corretamente. Integre gerenciamento e infraestrutura de segurança à sua estratégia de client computing para assegurar que também será capaz de controlar as capacidades que oferecerá. ANÁLISE Desde meados de 2008 o Gartner trabalhou com mais de 100 grandes empresas para elaborar estratégias de client-computing: projetos que descrevem a implantação e a evolução das capacidades de client-computing na organização durante vários anos e diferentes etapas de investimento. O objetivo inicial normalmente é entender se, quando e como aproveitar as variadas opções de implantação emergentes que são oferecidas por novos dispositivos móveis e por novas tecnologias de virtualização. Após começar a elaborar uma estratégia, a maioria das empresas aproveita a oportunidade de aplicar novos conceitos em uma área fundamental para a produtividade do usuário e que representa um importante componente do orçamento de TI, mas frequentemente esse processo acontecesse o direcionamento de um nível hierárquico mais alto. Controlar o ambiente de client-computing se tornou uma meta estratégica para muitas empresas de TI; porém nunca será atingida sem um plano adequado. O Gartner reuniu as dez melhores práticas a serem consideradas por aqueles que almejam criar um bom projeto de client computing. 1- Determine as prioridades de governança Preços médios de computadores vêm diminuindo drasticamente nos últimos anos, entretanto o custo total de propriedade (TCO) não está acompanhando esta queda, porque os gastos operacionais continuam altos. Muitas empresas estão se dedicando a reduzir o TCO por meio da aplicação mais abrangente e consistente de processos e políticas de gerenciamento. Enquanto isso, essas empresas também precisam lidar com solicitações de usuários que exigem mais autonomia na escolha de dispositivos e de configurações. Diminuir o TCO de PCs e aumentar a autonomia do usuário são objetivos conflitantes. Antes de elaborar uma estratégia de client computing, companhias devem decidir qual será a base do seu controle e autonomia em cada grupo de usuários. Se reduzir custos e/ou manter a segurança de dados é a prioridade, dar mais autonomia ao usuários será a alternativa lógica e será necessário estar preparado para dizer “não” (aceitando o risco de desagradar o usuário). Se manter e aumentar a satisfação do usuário é a prioridade, investimentos adicionais serão necessários para garantir níveis de serviço, segurança de dados e produtividade. 2 – Tenha uma visão de 360 graus A maioria das empresas está organizada por vários departamentos e unidades, que tem cada um seus próprios objetivos. A não ser que eles estejam acomodados, estratégias de tecnologia podem entrar em conflito com diretrizes de áreas da organização. Por exemplo, uma empresa de Ti que responde à demanda de usuários para reduzir os bloqueios em desktops pode precisar repensar sua abordagem caso alguns departamentos estejam aumentando o uso de recursos humanos temporários. Semelhantemente, uma medida para aumentar o controle sobre dispositivos dos usuários pode ir contra políticas de RH relacionadas ao fornecimento de equipamentos para profissionais temporários. Estratégias de client computing não podem ser elaboradas isoladamente. Verifique se suas metas são compatíveis com o que outros departamentos estão almejando e tente coordená-las com suas atividades para não ter que reinvestir ou reformular planos. Cheque com os departamentos de RH, finanças e legislativo, além dos líderes de negócios, para ter certeza de que compreende seus objetivos antes de planejar como equipará os usuários. Se sua empresa ainda não conta com uma equipe para centralizar os esforços de planejamento de client-computing, monte uma urgentemente. 3 – Defenda a propriedade da estratégia O lançamento do Windows Vista, da Microsoft, chamou a atenção para uma necessidade cada vez mais recorrente: planejadores corporativos de desktop terem novas idéias. Entregue com atraso, o Vista foi amplamente recebido como um benefício singelo principalmente em comparação ao custo da migração. Empresas que rodavam o Windows XP aproveitaram uma extensão do suporte, mas aquelas rodando o Windows 200, por exemplo, se sentiram obrigadas a migrar rapidamente. Elas estavam investindo para poder manejar a estratégia da Microsoft e surgiu então um consenso de que a relação estava invertida: fornecedores devem estar subordinados às necessidades de seus clientes, não o contrário. Embora organizações de TI nunca possam assumir o controle total (produtos não podem ser implantados antes de estarem disponíveis), elas devem se tornar mais independentes em relação aos fornecedores e aos ciclos de atualização. A menos que as empresas criem suas próprias estratégias de client-computing, elas não terão flexibilidade para responder a eventos externos (como a uma mudança nos planos do fornecedor) e, portanto, serão incapazes de assumir um controle maior sobre seus processos de investimentos em capacidades que aumentam a produtividade dos usuários. Assuma o comando da sua estratégia: é o seu dinheiro e é fundamental que você maximize sua influência sobre como ele será gasto. 4 – Compreenda as opções disponíveis Durante a última década, o planejamento estratégico de client-computing foi relativamente simples. Havia poucas opções no mercado e um rígido foco em manutenção e reutilização de capacidades existentes. Na maioria dos casos, isso significou decidir o tipo de computador que seria dado ao usuário, quando seria feita a atualização do Windows, como padronizar imagens do desktop e como gerenciar a consistência de software e de segurança. Algumas empresas preferiram outros sistemas operacionais (Linux ou Apple Mac OS), enquanto outras implantaram thin clients, mas a maior parte delas continuou com máquinas rodando aplicações locais e uma cópia do Windows. O processo de planejamento hoje em dia é muito mais complexo. Desde meados de 2006, a variedade de opções para a entrega de capacidades de “thin-client-computing” expandiu significativamente. Níveis semelhantes de funções e capacidades podem ser alcançados por meio de inúmeras técnicas, e a maioria das organizações já reconhece que o futuro das implementações será, em termos de arquitetura, mais heterogêneo. Contudo, as opções emergentes não estão igualmente maduras. Desktops hospedados virtualmente (HVDs) e virtualização de aplicações devem se tornar satisfatoriamente maduras em aproximadamente dois anos, mas outros tipos precisarão de até cinco anos para amadurecerem. Lidar com essa variedade de tipos de tecnologias pode ser confuso, principalmente porque as mensagens transmitidas por fornecedores concorrentes são inconsistentes e incompletas. Apesar do burburinho atual sobre este tema, a principal questão a ser levada em conta pela maioria das companhias não é se irão adotar mais de um tipo de tecnologia, e sim quando, como e para quais grupos de usuários. Esteja certo de que compreendeu o nível de maturidade e a viabilidade de cada tipo de tecnologia disponível e então estará preparado para responder essas perguntas. 5 – O design da mudança Mudanças são constantes em empresas e, conforme ficou evidente durante a crise financeira mundial, o sucesso depende também da velocidade com que se reage a elas. Companhias bem-sucedidas continuarão se expandindo, organizamente ou por meio de fusões e aquisições, produzindo desafios para o ambiente de client computing. Usuários também conduzem mudanças, quando mudam suas expectativas em relação à TI, exigindo mais sofisticação. A padronização é, e continuará sendo, um princípio básico para a eficácia e a eficiência operativa e o controle de custos, mas esteja certo de que os padrões em que você se baseia são os corretos para dar suporte à uma fácil adaptação. 6 – Padronize processos e ferramentas A padronização e a automação são as bases das melhores práticas de TI. Para minimizar os custos operacionais e manter a segurança de dados, a função de gerenciamento de infraestrutura precisa estar padronizada. Historicamente, desde as aplicações, Office of Strategic Services (OSs) e hardware estavam inerentemente relacionados, e isso exigia que toda a estratégia de client-computing estivesse padronizada. A exigência de fornecedores de PCs por estabilidade de imagem (padronização do hardware para que as configurações de software não fossem alteradas) era controlada por isso, embora a maioria dos compromissos de estabilidade de imagem durasse apenas 12 meses. Algumas empresas de TI conseguiram separar essas camadas de uma forma flexível, permitindo que a imagem de um único desktop fosse usada em múltiplos tipos de hardware, porém muitas outras ainda dependem da padronização de hardware para a eficiência em operações de TI. Tecnologias de virtualização mudam os papéis, tornando a configuração de elementos de software de client-computing independente dos elementos relacionados a ela. Uma máquina virtual com Windows roda de maneira muito parecida em um PC ou em servidor. Uma aplicação pode ser isolada e funcionar identicamente em qualquer cópia do mesmo sistema operacional. Diferentes arquiteturas normalmente exigem diferentes infraestruturas de gerenciamento, mas a padronização da configuração de elementos está eliminando esta necessidade. Imagens HVD são gerenciadas da mesma forma que as imagens e ferramentas de PC distribuídas. Ficará ainda mais fácil padronizar o gerenciamento dos elementos de client-computing em diferentes dispositivos e locais. Empresas poderão dar suporte a uma variedade muito maior de tecnologias sem prejudicar a eficiência operacional – potencialmente uma grande ajuda para lidar com solicitações de maior autonomia. 7 – Considere os objetivos envolvidos e então analise as possibilidades Para muitos líderes de TI, a abordagem instintiva para a elaboração de uma estratégia de client computing é começar com o plano existente e inserir algumas alterações. Apesar de ser lógica, essa abordagem prioriza a otimização de mudanças em uma mesma da estratégia, em vez de se expandir cumulativamente para múltiplas etapas. Normalmente, cenários de implantação que exigem múltiplas etapas recebem menos atenção. Com uma crescente variedade de opções de arquitetura e com a previsão de uma maior heterogeneidade nas implantações de client computing, as empresas deveriam usar uma abordagem totalmente distinta. Elas deveriam definir os objetivos de cada grupo e só então analisar o que precisa ser alterado para se chegar a este resultado. 8 – Planeje no mínimo duas etapas da estratégia O custo de qualquer mudança de capacidade de client computing é determinado pela amplitude da mudança. Migrar um usuário de desktop para um laptop exige algumas reconfigurações de processos de gerenciamento – uma mudança relativamente simples. Migrar um usuário de desktop para um dispositivo thin-client com acesso à aplicações baseadas no servidor exige uma reconfiguração de processos de gerenciamento e de cada aplicação – uma mudança muito mais complexa. A escala de cada mudança determina o custo da transição. Muitas organizações de TI optam por múltiplas pequenas mudanças em vez de uma grande alteração, mesmo sabendo que muitas pequenas mudanças podem prejudicar a produtividade. Com a variedade de novas opções de entregas de client-computing ainda se expandindo e incluindo tipos ainda imaturos, as opções disponíveis são uma amostra das que haverá em 2015. A migração para o Windows 7 só será eficaz se a natureza do próximo passo for esclarecida. A elaboração eficaz de estratégias requer que empresas pensem no mínimo em duas etapas futuras: só considerando o tempo e a magnitude das próximas etapas é possível ter certeza de que o primeiro passo está mirando a direção correta. Em alguns casos, pode ser mais prático combinar mudanças propostas (em outras palavras, dar mais passos, porém mais curtos). Entretanto, planejar horizontes mais amplos não implica necessariamente níveis menores de confiança- Tecnologias podem não se desenvolver conforme esperamos e informações prévias de fornecedores também são sensíveis a alterações. O conselho do Gartner é manter um nível de 50% a 70% para a segunda etapa. 9 – Foque em usuários e aplicações O objetivo do client computing é dar aos usuários acesso apropriado a aplicações e dados corporativos. Hardware e sistemas operacionais são apenas o meio para este fim, embora muitas despesas de TI estejam relacionadas ao gerenciamento desses elementos. Muitas das opções de client-computing que emergem atualmente podem ajudar empresas a redirecionar o foco para aplicações e dados, desviando a atenção e recursos do gerenciamento de hardware e sistemas operacionais. Com uma maior padronização da maneira como aplicações, OSs e hardware estão conectados, o custo e a complexidade de gerenciamento de hardware e OSs serão reduzidos. Para explorar eficazmente a crescente variedade de opções de entrega de client-computing, as companhias devem primeiro identificar perfis de profissionais específicos e então definir as necessidades de cada um deles a partir de termos de funcionalidade: pense em como equipar usuários levando em conta como ele devem trabalhar e quais aplicações lhes podem ser úteis. 10 – Verifique o suporte de ferramentas antes de optar por novas capacidades de client computing Embora a natureza de desenvolvimentos de client computing seja oferecer mais flexibilidade e eficácia nos próximos dois a três anos, mudanças de arquitetura devem ser realizadas somente após uma lúcida análise do seu impacto sobre os recursos humanos, as capacidades de infraestrutura e a função da infraestrutura de gerenciamento e segurança. Ao mudar a forma como os ambientes de client computing são entregues, as tecnologias como virtualização também alteram os sistemas em que ferramentas de segurança e gerenciamento funcionam. Se um novo pacote não puder ser adaptado às suas ferramentas existentes, serão necessárias novas ferramentas ou então a implantação do pacote interferirá na flexibilidade e/ou na segurança. Estratégias de client-computing precisam abranger projetos de implantação de infraestrutura para segurança e gerenciamento. Na maioria dos casos, opções de arquitetura estarão disponíveis antes de que haja ferramentas para suportá-las. Será o suporte a ferramentas, portanto, e não a disponibilidade da tecnologia, que determinará quando as capacidades de client computing deverão ser implementadas. FONTE: http://info.abril.com.br/noticias/corporate/gartner/crie-um-bom-projeto-de-client-computing-01032010-22.shl?3