Ainda é grande o número de discussões que acabam acontecendo em torno deste tema durante a análise de uma solução de gerenciamento de dados. Que o protocolo de conectividade é um tema relevante não se pode negar, mas jamais deveria ser o norteador das discussões sobre uma solução deste porte, como às vezes acaba acontecendo. A ordem dos fatores está invertida, ou seja, o responsável pelo projeto se preocupa com a questão sobre o protocolo de comunicação entre o dispositivo de armazenamento de dados e os servidores de aplicação antes mesmo de refletir sobre o principal – que é entender a real necessidade a ser atendida e qual a melhor solução para fazer isso.
Analisando historicamente, acredito que esta tendência tenha sido causada pela cronologia dos acontecimentos tecnológicos no ambiente de armazenamento. Mas é preciso levar em consideração que as soluções e tecnologias evoluíram e que hoje os parâmetros para análise devem ser outros, já que a conectividade do ambiente de armazenamento com o resto da infraestrutura é muito bem feita com quaisquer dos protocolos disponíveis. Hoje em dia, inclusive, praticamente todos os fabricantes de soluções para armazenamento de dados trabalham com estes vários protocolos, entregando alternativas empresariais utilizando qualquer um deles (iSCSI, FC ou FCoE).
Na comparação entre iSCSI e FC/FCoE, encontramos opiniões diversas, o que torna este debate interessante. Há defensores de cada uma das partes, e que apontam a parte defendida como a melhor escolha, como se fosse uma religião. E aí está o ponto – é preciso que balizemos uma escolha de solução para nossa necessidade e não no protocolo que será utilizado nesta solução, por exemplo.
A solução com iSCSI era escolhida no passado para pequenas implementações, ou para o primeiro
storage compartilhado dentro da organização. Hoje, proém, será que este tipo de solução é usada somente nesses casos? Com certeza não, pois a tecnologia da solução com este protocolo evoluiu muito, apresentando constante desenvolvimento. Hoje, temos soluções que utilizam 10GbE, e com
roadmap apontando para rapidamente chegar a 40 e 80 GbE em pouco tempo. Desta forma, um dos pontos que eram usados para combater este tipo de conectividade referente à performance já não é mais realidade, mesmo porque o número teórico e até mesmo maior que os 8 Gbps do FC. Jumbo
frames e DCB são outros exemplos da evolução tecnológica que vieram solidificar o iSCSI como uma alternativa viável para dentro do datacenter, ou seja, destinado à soluções empresariais.
Na comparação referente à performance, há ainda muitos pontos obscuros, como os conceitos de
bandwidth da infraestrutura versus o de
throughput requerido pela aplicação. A analogia que comumente encontramos é relacionada a uma auto-estrada. De que adianta uma pista de cinco vias (
bandwidth) se temos apenas dois carros passando simultaneamente pela estrada (
throughput)? Muitas vezes, por puro preconceito ou por um mito urbano a respeito de performance, a escolha de saída para a conectividade de uma solução de SAN acaba sendo apontada para FC, sendo que mesmo com uma solução iSCSI de 1GbE já poderíamos estar na solução de mais pistas que carros simultâneos.
Volto a afirmar que é preciso tirar o foco de “detalhes” e passar a incluir no centro das atenções a real necessidade que precisa ser endereçada. Há várias soluções para matar uma mosca. Desde um pedaço de jornal enrolado até um tiro de canhão. Como escolher? A melhor forma é medir o que na prática os servidores de aplicação demandarão da solução de armazenamento. Muitos fabricantes disponibilizam ferramentas e/ou serviços para auxílio durante este processo. Com os dados reais da demanda coletados e analisados, fica mais fácil determinar o dimensionamento da solução e aí sim, desenhá-la da melhor forma possível para maximizar a utilização dos recursos em questão, passando pela escolha do protocolo na conectividade.
Outros fatores como flexibilidade, escalabilidade, facilidade de gerenciamento, infraestrutura já existente, entre tantos outros pontos, são relevantes para a escolha final da solução de gerenciamento de informação que melhor atenderá às necessidades específicas. E sendo assim, FC ou iSCSI, pouco importa, pois o que é realmente relevante, é que a solução seja dimensionada corretamente, entregue os dados com o desempenho exigido pelas aplicações e faça uso eficiente dos recursos, apresentando o melhor retorno sobre o investimento possível. E isto apontará para um ou outro protocolo na ponta da solução.
Fonte:
IT Web